O CIAB 2019, que aconteceu entre 11 e 13 de junho em São Paulo, reuniu alguns dos maiores especialistas do mercado financeiro e de tecnologia da informação para debater os rumos que o setor bancário está tomando e entender melhor os desafios e oportunidades que vêm por aí.
Organizado pela FEBRABAN, o CIAB é o maior evento de tecnologia para o mercado financeiro da América Latina. Nas palestras e painéis que aconteceram ao longo dos três dias, algumas tendências e apostas apareceram de forma recorrente. Continue a leitura e saiba quais são elas.
O que você vai conferir:
1. Open Banking
Como não poderia deixar de ser após a emissão do Comunicado 33.455 do Banco Central, o Open Banking foi um dos temas mais extensivamente discutidos no CIAB 2019. Afinal, como os bancos podem se preparar para a implementação do modelo de negócios, que será obrigatória a partir do ano que vem? Como suas diretrizes se encaixam na LGPD? Quais são as suas oportunidades e desafios? Como o público vai recebê-lo?
Especialistas do setor bancário e representantes do próprio Bacen enxergam o Open Banking com otimismo. Afinal, o modelo é um elemento-chave de diversas outras mudanças pelas quais esse mercado vem passando, como o foco no cliente e a criação de jornadas de experiência mais ágeis e satisfatórias. Ele permitirá que os bancos se tornem “plataformas capazes de se conectar de forma rápida e fluida a qualquer experiência”, afirmou Octavio de Lazari Junior, diretor-presidente do Bradesco, na abertura do CIAB.
Uma das palestras do evento destacou que é preciso considerar o Open Banking sobre os pilares de ambiente regulatório, potencial de adoção, sentimento do consumidor e ambiente de inovação. Nesse contexto, o modelo exige um trabalho de educação financeira para alcançar a parcela do público menos preparada para a sua chegada, enquanto os bancos também terão que mudar seu mindset para serem bem-sucedidos na implementação.
De qualquer forma, o cenário brasileiro é majoritariamente positivo, o que faz com que o Open Banking represente a possibilidade de os bancos se aproximarem ainda mais das exigências dos clientes e do mercado. Assim, as parcerias com fintechs e regtechs também serão fundamentais, tanto para a oferta de produtos relevantes e inovadores quanto para garantir a segurança e a privacidade de dados, aspectos fundamentais do Open Banking.
2. Soluções API first
As APIs são a base do Open Banking, como caracterizou Monica Luciana Martins de Oliveira, gerente executiva da Diretoria de Segurança do Banco do Brasil. Portanto, os bancos se voltarão com ainda mais força para elas daqui para a frente.
Oliveira acredita que, assim como falamos de serviços e produtos mobile first, vamos agora passar a falar em soluções API first, ou seja, desenhadas primeiramente para APIs e depois reformuladas para outros espaços. Essa tendência promete crescer lado a lado com o Open Banking, possibilitando serviços cada vez mais diferenciados, seguros e eficazes tanto para o banco quanto para o cliente.
Sendo assim, é imprescindível focar também na segurança das APIs, já que seu crescimento as torna alvos cada vez mais atrativos para os cibercriminosos. A pesquisa How to Build an Effective API Security Strategy, da Gartner, identificou que abusos da API serão o vetor de ataque que resulta em vazamentos de dados mais frequente até 2022.
Isso acontece por que as APIs proporcionam acesso direto aos dados e atuam como um ponto de entrada para as funcionalidades da aplicação. Portanto, para manter as APIs do seu banco livre de hackers, é fundamental contar com soluções fortes de segurança e com empresas parceiras confiáveis.
Algumas das possibilidades para esses ataques são:
- injeção;
- negação de serviço;
- ataques de parâmetros;
- adulteração de solicitações e respostas da API;
- falta de limitação de taxa ou QoS;
- vazamento de informações.
3. Parcerias com regtechs e fintechs
Não se trata de uma novidade para o setor financeiro, mas o trabalho ao lado das regtechs e fintechs se tornará cada vez mais relevante nos próximos anos, especialmente para as iniciativas de Open Banking e na adequação à LGPD.
Os bancos sempre atuaram dentro de um cenário regulatório bastante rígido. Hoje, porém, ele também é impactado pela inovação tecnológica, que fizeram com que as mudanças se tornassem mais frequentes. Cabe às instituições bancárias, portanto, se adaptarem a essas regras que atuam não somente para regulamentar o setor, mas também para fomentar a inovação.
É nesse contexto que as regtechs mostram seu papel de aliadas do setor bancário. No CIAB 2019, o painel Regtech e o Futuro da Regulação destacou a importância delas para que os bancos possam ser disruptivos sem comprometer a segurança e para que atendam às exigências cada vez maiores do usuário em relação a velocidade, agilidade, segurança, privacidade, usabilidade etc.
Isso envolve automatizar processos como os de compliance, por exemplo. Raphael Melo, COO e co-founder da idwall, destacou durante o painel que processos manuais de compliance não são escaláveis e que, portanto, não são compatíveis com o tipo de experiência que os bancos devem entregar para o cliente atual. A inovação deve acontecer tanto no front office quanto no back office, afirma ele, “senão você tem um aplicativo onde o cliente pode abrir uma conta, mas precisa esperar duas semanas para ser aprovado”.
Já as fintechs se tornarão ainda mais importantes com a implementação do Open Banking, esperada para o segundo semestre de 2020. Ao ter essas empresas como parceiras, os bancos ampliam o o leque dos serviços que podem oferecer aos seus clientes.
“Será bom quando usarmos isso para repensar nosso produto. No fim do dia, o produto final continua sendo o mesmo. Vamos falar sério sobre a revolução bancária quando vermos as mudanças nos nossos produtos. Não acho que a geração Z está interessada apenas na experiência e no contato, mas também no que temos a oferecer. Precisamos olhar para dentro da indústria e começar a fazer produtos novos”, declarou Igor Puga, diretor de Marketing e Marcas do Santander, em outra das palestras do CIAB.
Na palestra de abertura, o presidente da FEBRABAN, Murilo Portugal, declarou que os bancos precisam ter “uma postura de parceria, colaboração e aprendizado” com as fintechs para que continuem evoluindo e se aprimorando cada vez mais.
Isso acontece não apenas por causa dos novos produtos criados pelas fintechs ao lado dos bancos, mas também pelas mudanças culturais que essas novas empresas motivam nas instituições bancárias.
É crescente o número de bancos tradicionais que vêm adotando práticas de trabalho das startups, como o estabelecimento de equipes multidisciplinares e autônomas dentro da organização. Mais do que os avanços tecnológicos, essa mudança de mindset revela-se essencial para que os bancos possam se reinventar.
4. Blockchain
Também na palestra de abertura do CIAB 2019, Maurício Minas, Conselho de Administração do Bradesco, colocou o blockchain ao lado da IA e da internet das coisas como sendo os “três movimentos simultâneos capazes de romper com as práticas convencionais, de mudar o comportamento do usuário e de aprimorar a segurança nas transações financeiras”.
Em palestra ministrada por Ana Paula Assis, presidente da IBM América Latina, foram apresentadas algumas das possibilidades do blockchain para o mercado financeiro, que incluem trazer mais agilidade e segurança para transações bancárias cross-border.
Para ter sucesso no uso do blockchain, Assis destaca que é preciso avaliar muito bem os problemas de negócio enfrentados pela empresa e, em um cenário mais amplo, pelo setor. Em seguida, é necessário questionar se o blockchain realmente é o caminho: “Se você consegue resolver com outra tecnologia, o blockchain provavelmente não é a resposta”, aponta a presidente.
Mas a possibilidade do blockchain de efetuar transações mais baratas e seguras, em que os dados estão distribuídos por toda a rede e podem ser acessados por aqueles autorizados, promete fazer com que, até 2021, 20% das maiores empresas da América Latina utilizem a tecnologia.
5. Inteligência artificial
A quantidade cada vez mais gigantesca de dados que produzimos atualmente — você já deve ter ouvido falar que 90% de todos eles foram gerados somente nos últimos dois anos —, faz com que o entendimento e a análise de todas essas informações seja uma demanda urgente.
Além disso, há a necessidade crescente de proporcionar produtos rápidos e automatizados e de implementar soluções cada vez mais eficazes e inovadoras de segurança e proteção antifraude.
No CIAB 2019, a inteligência artificial foi apontada ao longo de todo o evento como possível resposta a esses problemas. Especialmente quando aplicada à análise de dados, “ela nos permite entender melhor nossos clientes de uma maneira cada vez mais disponibilizada”, explicou Murilo Portugal, presidente da FEBRABAN, na palestra de abertura do evento.
Tanto a IA quanto o machine learning também são importantes aliados no combate à fraude e a outros crimes cibernéticos. É importante investir nesse tipo de estratégia porque os cibercriminosos também estão fazendo isso. Portanto, investir em soluções antifraude manuais e antiquadas coloca a empresa atrás dos fraudadores, deixando-a vulnerável.
6. O cliente no centro de tudo
Se houve um ponto que percorreu o CIAB 2019 como um todo, mais do que qualquer outra tendência destacada aqui, foi a necessidade de colocar o cliente no centro de todas as ações e estratégias da empresa. Além de altamente exigente, o cliente atual não é fidelizado e, portanto, não hesita em trocar de banco caso se sinta insatisfeito ou se perceber que outra instituição pode lhe proporcionar experiências melhores.
Pois é justamente isso que o cliente de hoje busca: experiências. Muito mais do que produtos e serviços financeiros, o usuário exige agilidade, segurança, privacidade e praticidade e quer sentir que o banco entende seus desejos, ambições e necessidades.
Isso leva a uma valorização do atendimento omnichannel e da disponibilidade de serviços em diversas plataformas, pois, nesse novo contexto, é imprescindível que o banco esteja onde o cliente está e quer estar. Além disso, buscar maneiras de se diferenciar da concorrência é outro elemento fundamental, já que os serviços financeiros tornaram-se commodities — entre os bancos digitais, por exemplo, há uma alta similaridade entre serviços oferecidos e taxas cobradas.
Dessa forma, o processo de onboarding surge como um ponto muito importante não apenas de cadastro, mas de retenção. Afinal, esse é o primeiro contato do cliente com a usabilidade do seu aplicativo e, também, a primeira vez em que ele terá uma percepção da agilidade, da segurança e da praticidade que a empresa oferece.
Ter políticas fortes em relação à LGPD e ao Open Banking, especialmente no que se refere à privacidade de dados, também é essencial. Essa é uma preocupação recorrente hoje na sociedade e, como já informamos aqui, o usuário precisa se sentir devidamente recompensado e protegido para que se disponha a fornecer seus dados pessoais ao banco.
Para aproveitar todas as possibilidades dessas e de outras tendências que estão revolucionando o setor financeiro, seu banco precisa contar com soluções inovadoras. A idwall pode trazer mais agilidade, segurança e eficácia para seus processos de onboarding e de validação de identidade. Quer saber mais? Preencha o formulário abaixo: