O segundo dia do Febraban Tech 2023, nesta quarta-feira, dia 28 de junho, começou com uma mesa redonda envolvendo CIOs de bancos com o tema “A tecnologia no centro dos negócios”. E, realmente, segundo a opinião dos painelistas, tecnologia e negócios precisam andar juntas atualmente para resolver desafios, identificar oportunidades e obter melhores resultados.
Com presença de Adriana Salgueiro (Caixa), Christian Flemming (BTG Pactual), Edilson Reis (Bradesco), Luis Bittencourt (Santander e F1RST) e Ricardo Guerra (Itaú Unibanco), sob mediação de Marisa Reghini (Banco do Brasil), os assuntos envolveram as capacidades e qualificações do time de tecnologia atualmente e este dilema de aliar tecnologia e negócios.
O que você vai conferir:
Desafio de integrar tecnologia e negócios
Ricardo Guerra, CIO do Itaú, destacou essa proximidade: “O mundo está mais exigente, mais rápido, com o cliente cada vez mais intempestivo. As pessoas de tecnologias precisam estar mais próximas do negócio, do cliente, do mercado, entendendo o problema que precisamos resolver e ajudando a trazer o conhecimento tecnológico para o dia a dia.”
Em seu discurso, Luis Bittencourt, CIO do Santander, concordou e comentou que a tecnologia já passou por diversas fases, sendo considerada centro de custos e commodity, mas agora necessita ser um habilitador de novas frentes relacionadas aos negócios: “Hoje somos vistos como influenciadores de todas as áreas de negócios, de ponta a ponta. As áreas de negócios não conseguem mais transformar sem tecnologia.”
Edilson Reis, CIO do Bradesco, seguiu na mesma linha pensando em como a equipe de tecnologia é importante para o resultado final entregue para os clientes. “Nós precisamos buscar tecnologias que permitem maior agilidade, e também precisamos ter maior proximidade com o negócio. Isso é muito relevante e faz muita diferença para gente na discussão em que o cliente está no centro, ou seja, como buscamos o melhor resultado para o cliente.”
Capacidade de liderança e influência da tecnologia
O CIO do Itaú também analisou a necessidade de mudança e capacidade de aprendizado constante das equipes de tecnologia para fazerem parte dos negócios e impulsionarem a transformação tecnológica dentro das próprias empresas.
“O profissional de tecnologia está exposto a essas mudanças em operações de maneira muito forte. Cabe a ele ser capaz de influenciar e mostrar que é possível fazer uma nova abordagem para resolver problemas, para olhar para a necessidade do cliente. Antigamente, o profissional de TI era uma máquina. Hoje, é influenciador, com necessidade de soft skills, com capacidade de liderança”, ponderou.
Para Luis Bittencourt, este cenário também envolve o cliente como centro do negócio. “Ninguém consegue atender seu cliente sem a tecnologia. Apesar de todos os desafios tecnológicos, o centro de tudo ainda é as pessoas. Os profissionais de tecnologias são aqueles que precisam cuidar do cliente e do negócio”, acrescentou.
Edilson Reis, CIO do Bradesco, discorreu também sobre o papel do CIO nesse contexto relacionado ao time de tecnologia. “O CIO precisa ter o papel de provocador e ir além disso, sendo influenciador. Precisamos convencer a área de negócios ou mostrar por meio de uma tecnologia as possibilidades de negócios que podem ser geradas. Muitas vezes, determinada tecnologia pode não prosperar naquele momento por questões econômicas ou outras circunstâncias, mas precisamos estar de olho na tecnologia que vai trazer retorno no futuro”, explicou.
Segundo o executivo, o CIO tem função fundamental de fomentar a cultura de inovação.
Participação feminina em tecnologia
Além do contexto acima apresentado, Adriano Salgueiro, CIO da Caixa, ressaltou que a participação feminina em tecnologia ainda é pequena. Um relatório da Brasscom, por exemplo, indica que temos 51% de mulheres no país, mas apenas 39% no mercado de tecnologia da informação.
Por outro lado, existem avanços. Só no último ano, mais de 30 mil mulheres foram contratadas no setor, representando 45% dos empregos gerados. Em liderança, a participação também não tem patamares elevados, chegando a 15% dos cargos.
E a inteligência artificial onde entra nesse jogo?
Para o executivo do Santander, o ChatGPT chegou para mudar o jogo. “A Inteligência Artificial generalista vem para potencializar as capacidades criativas e as especialidades, elevando à enésima potência. A IA vai potencializar as pessoas. Abraçar de forma contundente essa tecnologia vai nos levar a outro patamar”, comentou Luis, que se disse fascinado com o tema e vê com bons olhos a evolução dessa novidade.
Pelo lado do Itaú, Ricardo Guerra lembrou que, antes de 2023, todo mundo já vinha trabalhando com IA, seja com deep learning, machine learning, ou redes neurais, usando a tecnologia em algum nível. Porém, a IA generativa trouxe um novo patamar de disrupção.
“Não estamos acostumados a pensar na disrupção da criação. Estamos acostumados com a disrupção da automação, substituindo trabalhos manuais. Por isso, precisamos estar preparados para essa tecnologia, entendendo seu impacto e alavancando as pessoas. Não me lembro de ver uma inovação que tanta gente de fora da tecnologia se engajou e solicita. Normalmente trazemos a tecnologia e explicamos que existe”, analisou.
Para Guerra, existe uma oportunidade ampla de utilização da IA generativa para geração de conteúdo, aplicação jurídica e compliance.
Entre as possibilidades, a CIO da Caixa vê o relacionamento com o cliente como beneficiado. “A hiperpersonalização ganha oportunidades enormes, além do que estamos acostumados a ofertar em termos de serviços.”
Com isso, para Adriana, a IA generativa vai gerar eficiência e aprimorar processos nas áreas de negócios. Por outro lado, ela vê com preocupação o uso massificado de dados abertos com vazamentos e risco de informações confidenciais, além do limite da propriedade intelectual.
Quebra de paradigmas
Aplicações e oportunidades também são vistas por Christian Flemming, CIO do BTG. “Temos impacto no cliente, em operações, compliance, fraude. Não tem nada que fazemos no dia a dia que não conseguimos pensar numa aplicação. Essa é só a ponta do iceberg”, disse.
Para se ter uma ideia, o ChatGPT levou só 5 dias para atingir 1 milhão de usuários. “É disparada a adoção mais rápida”, completou.
Segundo o CIO do Bradesco, estamos vivendo um momento de disrupção tão importante quanto a era da internet foi inventada. “Já foi uma quebra de paradigmas quando colocamos a Bia para atender clientes. As próximas gerações vão questionar se era verdade que antes tinha que abrir um aplicativo e ir clicando em ícones para fazer uma operação.”
Open Finance: só 4% renovam consentimento
Para encerrar o debate sobre tecnologia e negócios, o assunto foi Open Finance. Para Edilson Reis, do Bradesco, o grande desafio é a renovação do consentimento ao expirar o prazo de um ano de validade. Só 4% dos correntistas estão efetuando essa opção.
“Isso é um termômetro de que o consumidor não está vendo valor. Temos agregadores financeiros com mais de 18 milhões de usuários. Mas a taxa de renovação de consentimento não é a que esperávamos”, adicionou.
Já Luis Bittencourt, CIO do Santander, considera que o desafio pode estar na forma de comunicação dos benefícios e o termo de renovação de consentimento não é compreendido com facilidade.
Saiba mais sobre o evento:
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