O Febraban Tech 2023 trouxe à tona discussões relevantes sobre as moedas digitais (CBDCs), como o Real Digital, e o impacto revolucionário que elas podem ter no cenário de pagamentos.
Esse tema foi discutido por especialistas como Gomathy Subramanian, Consultora de Estratégia e Soluções para Blockchain e Produtos de Serviços Financeiros da TCS, Guto Antunes Head da Itaú Digital Assets e Oscar Vilcachagua, Gerente do departamento Pesquisa e Inovação do Bradesco.
A palestra explorou os princípios fundamentais das CBDCs, as tecnologias subjacentes, a relação entre entrega e pagamento por meio das CBDCs, bem como os pilotos de implementação em curso. Continue a leitura para saber mais sobre!
O que você vai conferir:
O que são as CBDCs?
As CBDCs, ou Central Bank Digital Currencies (Moedas Digitais de Bancos Centrais), são formas digitais de moeda emitidas e controladas pelos bancos centrais de um país.
Diferentemente das moedas tradicionais, representadas por notas e moedas físicas, as CBDCs existem apenas em formato eletrônico e são baseadas em tecnologias descentralizadas que permitem o armazenamento seguro e transparente de registros digitais em uma rede distribuída, o blockchain.
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DeFi: uma nova infraestrutura para o mercado tradicional
Durante sua fala, Guto Antunes, do Itaú, destacou a importância dos ambientes descentralizados, como o Decentralized Finance (DeFi), e os aplicativos financeiros no estudo de uma nova infraestrutura para o mercado tradicional.
O DeFi (Decentralized Finance), refere-se a um sistema financeiro construído na blockchain, que permite transações financeiras e serviços sem intermediários tradicionais, como bancos e instituições financeiras.
No ecossistema, as transações são executadas por meio de smart contracts, que funcionam de forma automática e autônoma, sem a necessidade de terceiros para intermediar as transações.
Dessa forma, oferece uma série de serviços, como empréstimos, empréstimos peer-to-peer, staking, negociação de ativos digitais, criação de mercados e muito mais.
O Head of Digital Assets também ressaltou o benefício que essa nova estrutura poderia trazer para o cotidiano das pessoas, lembrando que o Brasil está entre os países mais avançados em relação às moedas digitais.
Moedas digitais no varejo e atacado
Já, Oscar Vilcachagua abordou as vantagens das moedas digitais e as perspectivas para o varejo e atacado. Ele ressaltou que cada país encontrará um ponto importante para diferenciar seu sistema financeiro com a implementação das CBDCs, seja por meio da inclusão financeira, automação ou pagamentos transfronteiriços.
Também mencionou a possibilidade de convergência dessas estratégias em uma rede de pagamentos transversal. No Brasil, o processo tem sido transparente e agora estão entrando na fase de testes piloto.
Quando falam de um caso de uso real, seja para o atacado ou varejo, testes estão sendo realizados para verificar se é possível manter a escalabilidade e a privacidade da rede.
Entretanto, Guto enfatizou que o valor da tecnologia e do produto será determinado pelos clientes. Nos próximos anos, o acompanhamento e mapeamento da rotina dos clientes serão essenciais para adaptar essa nova tecnologia.
Inclusão financeira e automação com CBDCs
Na perspectiva das CBDCs, Oscar Vilcachagua destacou a importância da inclusão financeira. Ele ressaltou que a inclusão é um assunto amplamente debatido e com diversas iniciativas e preocupações. As CBDCs podem preencher uma lacuna nos programas de inclusão no futuro. No momento, o foco está no uso das CBDCs para o atacado.
Guto Antunes destacou a importância da educação em relação aos ativos digitais. Ele ressaltou a necessidade de os clientes compreenderem essa tecnologia, desde o uso de carteiras até as transferências, e entenderem como funciona o mundo do DeFi e do Cifi. A educação permite que os clientes explorem plenamente os benefícios do mundo digital.
Ele mencionou a importância de trazer conhecimento amplo sobre os benefícios digitais para a população, já que a falta de conhecimento é um dos principais obstáculos no mercado atual.
Para ilustração desse cenário, os games foram utilizados, onde os jogadores já possuem uma carteira com tokens que podem ser remunerados. A nova geração trará essa mentalidade para o mundo das finanças híbridas, promovendo uma operação mais digital dentro das carteiras e trazendo os clientes para um ambiente financeiro mais digitalizado.
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Quanto ao Real Digital, para os palestrantes a adesão, escalabilidade, sistemas e outros fatores serão determinantes, e a percepção dos benefícios ainda serão determinados de fato pelos consumidores.
Em um cenário em que uma pessoa deseja comprar um ativo tokenizado em outra plataforma e precisa migrar da moeda real para o Real Digital. Ao se tornar Real Digital, o indivíduo ganha a interconectividade para transferir de uma carteira para outra, possivelmente a qualquer momento, e ter acesso a uma nova plataforma de investimento ou pagamento em um futuro próximo.
Oscar Vilcachagua abordou a tokenização de ativos como parte do sistema de pagamentos. Ele mencionou que existem muitas atividades de tokenização no Brasil e que estamos entrando em uma nova era com a criação de protocolos inspirados em DeFi para funcionar nessa rede. Ele enfatizou que a tokenização não se limita apenas a ativos financeiros, mas também pode ser aplicada a áreas como energia, entre outros, no futuro.
Qual o impacto dessas moedas digitais na sociedade?
- Pagamentos mais eficientes: podem oferecer pagamentos mais rápidos, seguros e acessíveis. Transações digitais podem ser executadas instantaneamente, eliminando a necessidade de intermediários e reduzindo custos de transação.
- Inclusão financeira: permitindo que pessoas que não possuem acesso a serviços bancários tradicionais realizem transações e tenham acesso a serviços financeiros básicos por meio de dispositivos móveis.
- Redução da dependência de intermediários: transações podem ser realizadas diretamente entre as partes envolvidas, sem a necessidade de intermediários financeiros.
- Monitoramento e combate à lavagem de dinheiro e atividades ilícitas: maior visibilidade e controle sobre as transações financeiras. Isso pode ajudar no combate à lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e outras atividades ilícitas.
- Inovação financeira: smart contracts, pagamentos programáveis e integração com outras tecnologias emergentes, como a Internet das Coisas (IoT) e a inteligência artificial, podem ser explorados com o uso das CBDCs.
À medida que os projetos piloto avançam e os clientes se adaptam a essa nova tecnologia, espera-se uma evolução significativa nos pagamentos e na economia como um todo.
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