O Open Finance chegou com o intuito de promover melhores serviços, melhores tarifas e maior personalização dos produtos bancários para os clientes. Por isso, durante o Febraban Tech 2023, este foi um dos assuntos mais comentados, já que as instituições ainda sofrem com a baixa adesão dos consumidores. Diversos desafios do Open Finance foram tratados nas palestras.
No primeiro dia do evento, nesta terça, dia 27 de junho, o painel “Open finance e a evolução dos serviços agregados”, com Helen Child (OBE), Cristina Pinna (Bradesco), Ísis Galote (Itaú Unibanco), Matheus Rauber (Banco Central) e mediação Gustavo Paul (Febraban) abordou o tema.
Para Matheus Rauber, assessor sênior no Departamento de Regulação do Banco Central, os principais objetivos do sistema estão sendo atingidos, como promover a inovação, competição, aumentar a eficiência e a inclusão financeira, mas aponta as questões abertas a médio e longo prazo. “A fase de dados abertos e transacionais precisam ser melhorados. Há estudos para padronização de um perfil único de segurança. O monitoramento do ecossistema é algo de extrema relevância. Essas são prioridades para continuar evoluindo o ecossistema”, comentou.
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O que você vai conferir:
Colaboração pode ajudar nos desafios do Open Finance
Ao mesmo tempo em que vê o Brasil como um dos líderes do sistema, a especialista Helen Child destacou a importância da colaboração para aprimorar ainda mais o Open Finance.
“O mundo olha o que o Brasil faz. Não é só a inovação. É o ritmo que foi implantado e a participação do mercado. A colaboração é a palavra-chave para tornar esse ecossistema exitoso. Esse ecossistema pode florescer por meio de conexões e ir mais longe rapidamente. Existe uma imensa oportunidade para continuar com essa mudança de mercado”, analisou.
Ela reforçou o posicionamento de colaboração no mercado financeiro: “O mundo aberto precisa de pensamentos novos e mentalidade nova. Os bancos trabalhando colaborativamente com fintechs é possível extrair o melhor dos bancos em confiança e o melhor das fintechs em agilidade. A mensagem-chave é sobre colaboração e encorajo a olhar para um mercado sustentável para o ecossistema florescer.”
Hiperpesonalização
Já Cristina Pinna, diretora de engenharia de software do Bradesco, sinalizou a hiperpersonalização como benefício e um dos desafios do Open Finance. “Temos construído um ecossistema para agregar valor aos nossos clientes, tirando valor dos dados compartilhados. Temos utilizado a tecnologia para dar um salto na perspectiva dos clientes. As tecnologias e IA fazem recomendações de acordo com o perfil do cliente, o que está muito relacionado com a hiper personalização.”
“Há experimentos com IA generativa para interagir com os modelos e tirar inteligência para extrair os dados”, complementou.
De olho neste cenário, Isis Galote, gerente de estratégia do Itaú Unibanco, enxerga a individualização com produtos diferentes para cada cliente como a possibilidade de aumentar a adesão no sistema. “É possível usar as informações para melhorar a experiência de navegação, atendimento com a instituição, conhecer o usuário de maneira mais profunda”, disse.
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A importância da qualidade dos dados
Para Matheus Rauber, do Banco Central, poucas empresas estão utilizando os dados abertos e, com a entrada de novos usuários e dados, é possível ver mais organizações utilizando e oferecendo soluções de comparabilidade: “Isso passa pela melhoria na qualidade dos dados. Podemos aumentar o escopo, mas se não tiver essa melhoria, ficará difícil ter soluções para os clientes.”
Neste sentido, Isis Galote, do Itaú, vê oportunidades para além do mercado financeiro. “Outros produtos a partir de dados financeiros vão acontecer além do financiamento imobiliário, por exemplo, como o seguro de casa ou mobiliar uma casa, explorando dados para trazer novos serviços”, destacou.
Cristina Pinna, do Bradesco, também trouxe sua visão sobre os dados: “A qualidade dos dados é fundamental para ter personalização e hiper personalização. E ter um padrão de tratamento dos dados é relevante para manter a interoperabilidade do sistema.”
Cliente no centro do negócio

Na continuidade do debate sobre os desafios do Open Finance, o painel “O cliente no controle das decisões financeiras: a busca pelo melhor canal de acesso” trouxe Aldo Barretella (Santander), Lessandro Thomaz (Caixa), Pedro Bramont (Banco do Brasil) e Sergio Favarin (GFT Technologies), com mediação de João Borges (Febraban).
Segundo Pedro Bramont, diretor de negócios digitais do Banco do Brasil, a dificuldade em conseguir o engajamento do cliente é que o interesse do usuário em compartilhar informações está somente nos ganhos.
Para Lessandro Werner Thomaz, diretor-executivo da Caixa, o desafio é entender o cliente e gerar valor. “O valor para clientes muda conforme o tempo e precisamos acompanhar a demanda, com novas soluções para agregar valor. Só com valor vamos fazer com que o cliente renove o consentimento. Precisamos olhar para a centralidade do cliente, mostrar para o cliente que estamos pensando no bem estar financeiro dele”, declarou.
Nesse sentido, Sergio Favarin, vice-presidente de Negócios da GFT Technologies, acredita que parcerias estratégicas entre bancos e empresas podem ajudar a avançar as soluções.
Segurança e confiança
Outro assunto relevante dentro dos desafios do Open Finance diz respeito à segurança. Aldo Barretella, head de canais digitais do Santander, destacou isso. “Os avanços sem segurança são muito importantes. Não só ser seguro, mas também transmitir a sensação de estar seguro”, disse.
Lessandro Werner Thomaz complementou que a segurança no compartilhamento de dados agrega valor ao cliente e a educação traz conscientização sobre a permissão de usar essas informações. “A segurança do consentimento traz confiança para os clientes. Fizemos esclarecimentos ao cliente após abandono do consentimento e a efetividade no cadastro aumentou em 30%”, afirmou.
Pedro Bramont, do Itaú, também destacou o trabalho de educação para esclarecer os clientes como meio para engajar.
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