O Open Finance ainda desperta muitas dúvidas da população em geral. Apesar da informação de que o compartilhamento de dados vai permitir melhores tarifas, experiências e serviços nos produtos financeiros, muitos consumidores olham desconfiados. Afinal, a realidade é que este sistema não é tão fácil de enxergar benefícios, como o PIX. Mas, ao mesmo tempo, o futuro do Open Finance é cada vez mais promissor.
Com seu ritmo de crescimento, o sistema está prestes a bater 1 bilhão de chamadas a APIs realizadas neste mês de agosto. Este dado foi trazido durante o evento Febraban Tech, na última quarta, no painel “Novos serviços e relações financeiras com o Open Finance”, com Ivo Mósca (Itaú Unibanco), João André Pereira (Banco Central do Brasil), Karen Machado (Banco do Brasil) e Marcelo Braga (IBM).
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O que você vai conferir:
Dados e evolução do Open Finance
Para iniciar a conversa, o moderador Leandro Vilain, diretor de política de negócios e operações da Febraban, trouxe números impactantes sobre o sistema:
- Até julho de 2022, eram 5 milhões de adesões de usuários únicos ao sistema no Brasil;
- São 250 milhões de chamadas realizadas por semana;
- Já superamos 7 milhões de autorizações de consentimentos dos usuários.
“É o maior volume do mundo”, declarou Vilain.
Ivo Mósca, superintendente executivo de open finance e digital payments do Itaú Unibanco, destacou o melhor acesso a dados e serviços e a possibilidade de fazer ofertas inteligentes e contextualizadas: “Aprendemos a lidar com todos os aspectos de necessidades dos clientes. Podemos absorver esses dados e dar para o cliente a melhor solução.”
Ou seja, com essa completude de informações, é possível ter uma ampliação na oferta de crédito, com personalização para cada cliente. “As insittuições podem auxiliar o cliente na solução mais barata e mais eficiente, ajudando a gestão financeira e o comando de contas”, afirmou.
Expectativas no futuro do Open Finance
Com essa evolução do sistema, as expectativas crescem em torno do futuro do Open Finance.
João André Pereira, chefe do departamento de regulação do sistema financeiro do Banco Central, trouxe sua visão: “Falando de produto, como regulador, a expectativa é super alta. Estamos mudando o status quo, mudando a forma de relacionamento do sistema financeiro com seu cliente.”
João também falou da complexidade do projeto: “Pavimentamos o caminho, montamos o ecossistema e criamos toda essa rede para dar fluidez para as informações e para o compartilhamento de serviços. Agora, começamos a ver os entregáveis e cada vez vão surgir produtos mais interessantes.”
Karen Machado, executiva líder do open finance do Banco do Brasil, já apresentou novos recursos que vão além da oferta de crédito. “Temos uma solução de agregador financeiro, integrando saldo de diferentes contas de bancos e permitindo a categorização dos gastos.”
Assim, os consumidores podem entender melhor suas despesas e os bancos podem fazer recomendações mais assertivas de acordo com o perfil do cliente e os dados monitorados. “Podemos compreender o comportamento de pagamento de forma mais apurada e ajudar o cliente a comprar melhor e trabalhar melhor o seu investimento. O Open Finance não é só para cumprir uma regulação, mas ir além e ajudar as pessoas a cuidar do seu dinheiro.”
Governança de dados no Open Finance
Sob outra ótica, o presidente da IBM no Brasil, Marcelo Braga, destacou que os chamados, compartilhamentos, autorizações e transações geram bilhões de dados o tempo todo. Dessa forma, é importante ter uma melhor governança de dados, com integração de sistemas atuais com legados para aprimorar a segurança. Ele cita os desafios atuais.
“O dado é perecível. O consumidor passa a determinar qual dado e por quanto tempo pode ser usado e armazenado. É uma quebra de paradigmas. Antes, o banco era dono da base de dados, mas agora é temporário. Soma-se a esse cenário a LGPD, gerando dilemas para as bases de dados: como trabalhar o dado, como ficar em compliance com toda a regulação, o risco dos sistemas legados ficarem expostos”, explanou.
Ao mesmo tempo, as tecnologias, como sistemas em nuvem dando agilidade a todo esse tratamento, podem garantir maior padronização no controle e governança de dados, assim como menor exposição a riscos.
Futuro do Open Finance precisa superar barreira da comunicação
Outro ponto abordado no painel foi a questão da comunicação com o cliente para que o Open Finance se consolide no Brasil. “A comunicação é desafiadora. É difícil explicar, porque não é material como um produto, é um conceito, um ecossistema. Estamos tentando inserir cada vez mais no dia a dia do cliente, traduzir para ele saber o que é, indo além da tecnologia e regulação”, comentou Karen.
Vale destacar que uma das soluções usadas pelo Banco do Brasil foi levar a jornada do consentimento para compartilhamento de dados para o chatbot da instituição no WhatsApp.
“Somos o 1º banco a colocar o consentimento em todo o mundo, com canais que trazem conenviencia para o cliente”, explicou a executiva.
Já Ivo vê um bom engajamento dos clientes e considera que o desafio é contextualizar e entregar exatamente o que o consumidor precisa na hora que ele precisa. “Assim, podemos crescer o relacionamento no momento mais adequado.”
Próxima etapa do Open Finance
Pensando como próximos passos e futuro do Open Finance, um aspecto importante a ser mencionado é a próxima fase, ainda em curso, que vai realizar o open investment, ou seja, vai abrir o sistema para quem investe.
“Hoje, observamos muito o tomador interessado no Open Finance, querendo melhorar o limite e tomar crédito. Agora, vamos pegar o investidor preocupado com patrimônio, seguro, investimentos etc.”, completou Karen.
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