O que será do futuro do mercado financeiro? Esta pergunta é o que muitos bancos e instituições financeiras querem saber a resposta.
Afinal, o setor bancário e financeiro muda a todo instante com novas tecnologias, tendências e inovações, e os gestores precisam cada vez mais entender o cenário atual para se preparar para o futuro.
Além disso, o próprio contexto macro da economia e política nacional e global ajudam a influenciar e moldar as finanças e os bancos.
O evento Febraban Tech, realizado em São Paulo, no Ibirapuera, discutiu este e outros temas.
O que você vai conferir:
Futuro do mercado financeiro e o contexto global
Nesta terça, na abertura da edição deste ano, o primeiro painel “Presidentes dos maiores bancos em atividade no Brasil debatem a nova realidade global e a transformação acelerada” trouxe Daniella Marques (Caixa), Fausto de Andrade Ribeiro (Banco do Brasil) e Octavio de Lazari (Bradesco) para iniciar o debate.
Daniella Marques destacou a importância do processo de transformação do qual marcamos presença: “Estamos em revolução. Somos parte da revolução. Desenvolvemos o cidadão, primeiro digitalizando, depois bancarizando e, então, inserindo no mercado e nos sistemas.”
A presidente da Caixa também abordou a evolução que o Open Finance trouxe para as mudanças no setor bancário, sendo um novo canal para os produtos e serviços financeiros, e a chegada do 5G, que, como consequência, aumenta a conectividade e facilita as operações financeiras.
“Agora milhões de brasileiros podem ser melhor orientados para se desenvolver financeiramente por meio de plataformas e sistemas integrados. É um processo de transformação contínua”, completou.
Guerra, energia, globalização, tecnologia e mais
Octavio de Lazari, diretor presidente do Bradesco, e Fausto de Andrade Ribeiro, CEO do Banco do Brasil, comentaram também sobre os impactos da guerra na Ucrânia com o rearranjo das economias globais e dos serviços financeiros.
“O Brasil tem papel para ser amigo de qualquer país e pode comprar de países perto de si. Então, existe uma oportunidade de ouro de aproveitar isso”, comentou Octavio, lembrando que, com a guerra, o país foi impactado pela redução no fornecimento de insumos. “Com esse potencial, é possível não ser pego de surpresa em momentos de decisão política que afetam a cadeia de suprimentos”, emendou.
Fausto concordou com essa visão e contextualizou também a questão da especialização das cadeias e da dependência. “Na pandemia, vimos a dependência de suprimento de matéria-prima para produção industrial e de tecnologia para produzir vacina. A guerra tornou a Europa dependente de vários itens e o preço do petróleo explodiu.”
“Temos duas alternativas: ou se cria uma cadeia regionalizada para alguns produtos estratégicos para fazer uma produção localmente ou em países vizinhos, ou se diversifica a cadeia de fornecimento, como no caso de fertilizantes”, ressaltou o CEO do Banco do Brasil.
Em relação à tecnologia e ao setor bancário, Fausto ainda falou sobre a proteção de dados e as oportunidades no mundo agrícola: “Vivemos uma pandemia de ataques cibernéticos e os bancos estão cada vez mais aptos e preparados para combater isso. Existe uma grande oportunidade na proteção dos principais ativos que são os dados dos clientes e do próprio negócio.”
Sobre o setor agrícola, o dirigente complementa: “Com a questão ESG em pauta, só tem um jeito de aumentar a produtividade sem desmatamento: com tecnologia. Além disso, é possível explorar o incremento de commodities trazendo fonte de renda para o Brasil. O mundo vai se debruçar sobre esses temas e os bancos têm uma grande oportunidade de fazer o financiamento e apoiar a economia mais limpa.”
Cenário das fintechs e bancos no futuro do mercado financeiro
Ainda dentro desse tema de futuro do mercado financeiro, não podemos deixar de falar da movimentação das fintechs. Na palestra “Do Fenômeno Fintech à nova Lógica Financeira”, Bruno Diniz, da Spiralem, trouxe uma visão completa do momento atual e das projeções.
Até porque, nos últimos meses, vimos uma mudança na calibragem de investimentos direcionados para as fintechs. O que isso indica na prática? “O grande takeaway do fenômeno fintech de competição é que a barra subiu. A entrega das fintechs era diferente, mas muitas instituições financeiras correram atrás”, afirmou Bruno.
Com isso, novos arranjos devem acontecer e proporcionar novas disputas entre essas instituições, inclusive, com a influência de inovações, já que novos avanços em tecnologia podem destravar essa competição.

Neste sentido, Bruno também abordou a teoria de Matt Harris de que as fintechs são a 4ª plataforma de desenvolvimento.
“O primeiro nível é a internet que trouxe conectividade. O segundo é a nuvem que gera inteligência e ajuda a escalar o negócio, estando embutido na maioria dos negócios digitais. O terceiro é o mobile, gerando ubiquidade, ou seja, estar conectado e presente a todo momento, o que permite criar novos modelos de negócios”, explicou.
“Agora, a fintech chega como a capacidade que pode ser consumida e ofertada. É a nova lógica financeira, em que surgem players como provedores de serviços de Banking as a Service, trabalhando regulatório e tecnologia ao mesmo tempo e ficando habilitado para distribuir serviços financeiros”, concluiu o raciocínio.
Banking as a Service e Embedded Finance
Com essa evolução das fintechs e transformação das instituições para a oferta de serviços financeiros, o que podemos visualizar do futuro do mercado financeiro? Segundo Bruno, os bancos como provedores de BaaS podem desenvolver e orquestrar seu próprio ecossistema, indo além de ofertas financeiras.
Sem contar que a entrada de novos players no mercado com musculatura para oferecer tais serviços, o que inclui empresas com potencial e força presentes em diversos segmentos.
Ele lembrou que o mercado dos 30 maiores bancos do mundo é avaliado em US$ 3,6 trilhões, de acordo com pesquisa realizada pela ABN-AMRO com a dealroom. No entanto, até 2030, com as modalidades de embedded finance, de pagamentos, seguros e empréstimos, que abrem a possibilidade de qualquer empresa fornecer tais serviços, podem ser destravados até US$ 7,2 trilhões.
Ecossistema digital
Todo esse movimento leva as empresas e bancos a se tornarem ecossistemas digitais. De acordo com estudo da Economist, 47% dos executivos de bancos esperam que seus negócios evoluam para ecossistemas digitais, oferecendo produtos e serviços próprios e de terceiros, bancários e não bancários. E 27% acreditam que vão virar agregadores de serviços.
Então, para Bruno Diniz, o futuro do banco é contextual. “Será muito mais uma interface entregando usabilidade e experiência do cliente”, ponderou. Dessa forma, é possível ir além do banco e entregar, por exemplo, um sistema e experiência de ERP dentro de uma operação financeira, com tudo integrado, levando a consumir mais serviços bancários. Por fim, Bruno conclui que este cenário é a morte dos aplicativos pura e simplesmente financeiros.
Olho em 2023 e na convergência digital
Como último ponto deste artigo sobre o futuro do mercado financeiro, vamos retomar aqui uma análise do Fausto Oliveira, CEO do Banco do Brasil, sobre as projeções para o próximo ano.
“O processo de transformação digital deve continuar acelerado, formando um banco digital na prática, quando o processo se inicia no digital e termina no digital, eliminando etapas que levam o cliente a uma agência ou terminal”, declarou.
“Acredito também em uma maior especialização da rede de atendimento para cuidar dos diferentes perfis de clientes, como prime e microempresas. Na prática, é um banco digital com conveniência física, com atendimento especializado, o que vai persistir por muito tempo ainda”, emendou Fausto, que concluiu que os bancos deverão buscar soluções que possam atender às necessidades dos clientes.
Emendando neste assunto, Ron Raffensperger (Huawei), na palestra “Bancos Digitais aceleram crescimento com estratégias de Cloud Native”, analisou: “A inteligência de dados e o tempo real vão ajudar os bancos a criar uma convergência digital, usando os dados e a nuvem para apoiar a latência e as medidas antifraude.”
“Temos que aportar as novas tecnologias, inserir o banco digital e a nova experiência do cliente. Com a nuvem, podemos apoiar 3 aspectos: alta disponibilidade, alta eficiência e alta confirmação dos serviços financeiros”, finalizou Ron.

EM BREVE! Fique de olho que, nos próximos dias, vamos divulgar um playbook com todos os conteúdos da Febraban Tech. Para receber a cobertura completa com o material 100% gratuito, assine a nossa newsletter!